ENC: “Criar um itinerário para adolescentes reais”














Não podemos fechar-nos numa espécie de adolescente que criámos, sobre o qual reflectimos mas que na realidade não existe. Temos que olhar para as periferias existenciais das diversas idades.

As palavras são de Cristina Sá Carvalho, directora do Departamento da Catequese do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC) na primeira conferência do 53º Encontro Nacional da Catequese (ENC) que decorre até ao próximo dia 11 de Abril, no Seminário de Nossa Senhora de Fátima em Alfragide e que reúne representantes da Catequese das vinte dioceses Portuguesas. No início dos trabalhos D. Manuel Pelino Domingues, Vogal da Comissão da Educação Cristã e Bispo de Santarém, desejou “um encontro fecundo” e afirmou que a reflexão “é necessária” numa altura “de mudanças na sociedade e também na Igreja” e lembrou que apenas pela “reflexão séria é possível agir de acordo com os novos tempos”.

Na primeira conferência do ENC A inteligibilidade da relação entre a fé e a vida no contexto da cultura dos adolescentes de hoje, a directora da Catequese do SNEC começou por afirmar que criar materiais para a adolescência obriga-nos a olhar para a infância porque tudo se joga aí. Para a psicóloga e docente da Faculdade de Teologia apesar dos catecismos já estarem disponíveis há algum tempo sentimos, e sentem os catequistas, que é necessária mais formação para que se apreenda o sentido dos itinerários catequéticos propostos de modo a que a transmissão da fé seja uma realidade. Numa época de mudança, a directora da Catequese lembrou que em todas as épocas de crise a Igreja conseguiu manter a procura da verdade à tona e dar resposta aos anseios da humanidade, e este é o “desafio hoje”.

Para Cristina Sá Carvalho, o desafio de criar materiais para os adolescentes é enorme porque não obstante a ideia forte de grupo que existe nesta etapa a construção da identidade é um processo pessoal e individualizado. É um processo individual de procura de quem sou, as escolhas. Aqui tem lugar a Igreja enquanto promotora das decisões e das escolhas.

No final da conferência a directora da Catequese lembrou um estudo recente que aponta para uma média alta de adolescentes que são muito capazes de resolver problemas muito concretos de maneira rápida, mas que não tem capacidade de abstracção. Cristina Sá Carvalho lembra que esta capacidade é fulcral para a questão de Deus porque a capacidade da simbólica é fundamental sob pena de ficarmos presos a uma imagem de Deus como o bom velhinho que serve para a infância mas que nada trás para o resto da vida humana.

No 2º dia de trabalhos, o ENC recebe a presença de Maria João Pena, do ISCTE, que apresenta a temática Adolescentes de hoje, espaços educativos, desafios para crescer. Da parte da tarde os representantes da diocese vão trabalhar em grupo para avaliarem os diferentes materiais e as respostas aos Questionários de Avaliação preparadas pelas Dioceses. No final da tarde, os participantes no 53º ENC vão participar na Eucaristia, no Mosteiro de São Vicente de Fora, que será presidida pelo Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.

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