O Papa Bento XVI presidiu hoje à Eucaristia que marcou a abertura do Ano da Fé, que terminará no dia 24 de Novembro de 2013.
O Santo Padre na sua homilia referiu que a inauguração do Ano da Fé está ligada a todo o caminho da
Igreja ao longo dos últimos 50 anos: desde o Concílio, passando pelo Magistério
do Servo de Deus Paulo VI, que proclamou um "Ano da Fé", em 1967, até chegar ao
o Grande Jubileu do ano 2000, com o qual o Bem-Aventurado João Paulo II propôs
novamente a toda a humanidade Jesus Cristo como único Salvador, ontem, hoje e
sempre.
O Concílio Vaticano II não quis colocar a fé como tema de um documento
específico. E, no entanto, o Concílio esteve inteiramente animado pela
consciência e pelo desejo de ter que, por assim dizer, imergir mais uma vez no
mistério cristão, para poder propô-lo novamente e eficazmente para o homem
contemporâneo. Neste sentido, o Servo de Deus Paulo VI, dois anos depois da
conclusão do Concílio, se expressava usando estas palavras: «Se o Concílio não
trata expressamente da fé, fala da fé a cada página, reconhece o seu caráter
vital e sobrenatural, pressupõe-na íntegra e forte, e estrutura as suas
doutrinas tendo a fé por alicerce.» (Catequese na
Audiência Geral de 8 de março de 1967).
Durante o Concílio havia uma tensão emocionante, em relação à tarefa comum de
fazer resplandecer a verdade e a beleza da fé no hoje do nosso tempo, sem
sacrificá-la frente às exigências do presente, nem mantê-la presa ao passado: na
fé ecoa o eterno presente de Deus, que transcende o tempo, mas que só pode ser
acolhida no nosso hoje, que não torna a repetir-se.
Por isso, julgo que a coisa
mais importante, especialmente numa ocasião tão significativa como a presente,
seja reavivar em toda a Igreja aquela tensão positiva, aquele desejo ardente de
anunciar novamente Cristo ao homem contemporâneo. Mas para que este impulso
interior à nova evangelização não seja só um ideal e não peque de confusão, é
necessário que ele se apoie sobre uma base de concreta e precisa, e esta base
são os documentos do Concílio Vaticano II, nos quais este impulso encontrou a
sua expressão.
Se a Igreja hoje propõe um novo Ano da Fé e a nova evangelização, não é para
prestar honras a uma efeméride, mas porque é necessário, ainda mais do que há 50
anos!
Nos últimos decênios tem-se visto o avanço de uma "desertificação" espiritual. (...) É o vazio que se espalhou. No entanto, é precisamente a partir da experiência
deste deserto, deste vazio, que podemos redescobrir a alegria de crer, a sua
importância vital para nós homens e mulheres. No deserto é possível redescobrir
o valor daquilo que é essencial para a vida; assim sendo, no mundo de hoje, há
inúmeros sinais da sede de Deus, do sentido último da vida, ainda que muitas
vezes expressos implícita ou negativamente. E no deserto existe, sobretudo,
necessidade de pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho
para a Terra Prometida, mantendo assim viva a esperança. A fé vivida abre o
coração à Graça de Deus que liberta do pessimismo. Hoje, mais do que nunca,
evangelizar significa testemunhar uma vida nova, transformada por Deus,
indicando assim o caminho.
Venerados e queridos irmãos, no dia 11 de outubro de 1962, celebrava-se a festa
de Santa Maria, Mãe de Deus. A Ela lhe confiamos o Ano da Fé, tal como fiz há
uma semana, quando fui, em peregrinação, a Loreto. Que a Virgem Maria brilhe
sempre qual estrela no caminho da nova evangelização. Que Ela nos ajude a pôr em
prática a exortação do Apóstolo Paulo: «A palavra de Cristo, em toda a sua
riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros, com toda a
sabedoria... Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do
Senhor Jesus. Por meio dele dai graças a Deus Pai» (Col 3,16-17). Amém.
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