Homilia do Cardeal Patriarca de Lisboa no Dia de Natal



Na Homilia da Noite de Natal acolhemos a mensagem da Escritura, segundo a qual o nascimento de Cristo é anunciado como a luz que brilha nas trevas. Os textos desta celebração do Natal dizem-nos que Cristo é uma luz para o homem, tanto para aqueles que já buscam a luz, como para os que jazem nas trevas, isto é, que deixaram toldar a beleza do homem pelos seus erros. A fé em Cristo, Deus feito Homem, dá origem a uma cultura, isto é, a uma compreensão do homem, da sua grandeza e dignidade, da sua diferença fundamental em relação a todos os outros seres.

Deus fez-Se Homem. Jesus de Nazaré é a Imagem perfeita de Deus, é o Homem, como Deus O quis e escolheu para comungar da Sua vida. Habitando Cristo no meio de nós, é caso para perguntar como foi possível, um mundo marcado pelo ateísmo ou pela indiferença em relação a Deus. Deus está aí, vive connosco, acessível a quantos O queiram encontrar, e descobrir n’Ele a grandeza dos homens que somos.

O desconhecimento ou mesmo a rejeição de Cristo são fruto das “trevas” em que caiu a humanidade. São João reconhece: “a luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam” (Jo. 1,5). O que são as trevas? São fruto de se viver a vida como se Deus não existisse. É certo que a força recriadora de Cristo está presente no coração de todos os homens, mesmo daqueles que não O reconhecem. A fé em Deus confessada por outras religiões, ou o desejo de amor, de justiça e de paz cultivados mesmo pelos descrentes são, como lhes chamou Santo Ireneu, “sementes do Verbo”, que podem desabrochar na luz de Cristo.

Oxalá que neste Natal possamos ver, com os olhos da fé, Deus que voltou ao meio de nós, Se tornou presente no seu Filho Jesus Cristo, a cuja luz descobrimos o mistério da nossa vocação humana.

Homilia do Cardeal Patriarca de Lisboa no Dia de Natal 2011

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