Carta Pastoral do Cardeal Patriarca à Igreja de Lisboa



O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, apresentou a Carta Pastoral à Igreja de Lisboa, intitulada "Nova Envagelização" Um Desafio Pastoral.

Nesta Carta o Cardeal Patriarca pretende dar seguimento ao desafio de uma "nova envagelização", lançado pelo Papa Bento XVI e também pelo Papa João Paulo II.  Refere o Cardeal Patriarca que "de facto, a "nova evangelização", não é nova no sentido de uma descoberta; dimensão sobrenatural da evangelização, essa sempre existiu na Igreja, desde a época apostólica até aos nossos dias. Ela é o anúncio do amor infinito de Deus por todos os homens, expresso para nós no amor de Jesus Cristo, que nos ama como homem, com o amor infinito de Deus. Os cristãos podem fazer esse anúncio porque, unidos a Cristo, procuram mergulhar a sua vida nessa voragem do amor divino que tudo renova e transforma."

A expressão "nova envagelização" inclui uma proposta e uma denúncia: "A proposta é a de que a evangelização retome o ardor sobrenatural e a força carismática que fez dela uma expressão do amor por Jesus Cristo e o anúncio do amor de Deus. Trata-se de anunciar que, na nossa sociedade contemporânea, todos os evangelizadores têm de estar dinamizados pela generosidade da fidelidade e a surpresa da santidade." A denúncia é a de que "a evangelização nas Igrejas estabelecidas corre o risco de se tornar um conjunto de actividades programadas, mas em que os seus agentes não estão transformados pela fidelidade a Jesus Cristo, no amor. Sem esse amor novo que é infundido em nós pelo Espírito Santo, não há verdadeira evangelização. Ela é sempre o anúncio do amor a que nos leva o amor-caridade. "

No caso da Igreja de Lisboa, refere o Cardeal Patriarca que "as opções pastorais estão acertadas, os objectivos traçados nos programas de pastoral são lógicos e coerentes e (...) muitos dos nossos agentes de pastoral estão dinamizados pela fé. Mas é grande o peso das estruturas, quer na organização diocesana, nas paróquias, nas associações de fiéis. A racionalidade dessas organizações pode levar a que os seus agentes sejam seus executores generosos, sem o ardor da fidelidade a Jesus Cristo e ao seu Evangelho. O vigor da "nova evangelização" tem de ser transversal a tudo isso, gerando as transformações exigidas pelo ardor da fidelidade cristã e pela dimensão sobrenatural da evangelização."

Este novo vigor é "a força da fé vivida, como amor a Jesus Cristo, com quem nos identificámos no baptismo. Evangelizar é participar na urgência de Jesus Cristo em anunciar o Reino de Deus, expressão do seu amor salvífico. (...) Evangelizar é sempre anunciar o amor de Deus, em Jesus Cristo. (...) Evangelizar não é um programa (...) é uma loucura de amor. Isto exige que todos os evangelizadores cultivem, na fidelidade, esta relação amorosa com Cristo" e que (...) "busquem a santidade, na fidelidade a Jesus Cristo, manifestada no concreto das suas vidas. (...) A "nova evangelização" exige um grande movimento de espiritualidade."

A fidelidade evangélica exige acolher o Evangelho como Palavra de Jesus; que a oração seja uma fonte de fé, de esperança e caridade e que a caridade seja vivida e experimentada no amor dos irmãos.

"A evangelização que leva à conversão faz-nos mergulhar na Igreja, comunidade que nasce do Evangelho e se identifica com Cristo. A evangelização deixa de ser uma atitude individual, para ser expressão do testemunho da Igreja, o verdadeiro sujeito da evangelização. "

São convidados a participar na "nova envagelização" todos "os cristãos que sintam um desejo sincero de caminhar na fidelidade, à sua consagração baptismal, à vocação que escolheram, porventura à missão que lhes foi entregue."  

Finalmente, o Cardeal Patriarca deixa algumas orientações sobre como será levada a cabo esta "nova evangelização":
- visará uma pedagogia da fé e da oração;
- valorizará o ministério sacerdotal;
- criará condições (...) para que todos os que desejem fazer uma experiência de oração contemplativa o possam fazer;
Empenhará todas as instâncias eclesiais, paróquias, famílias religiosas, movimentos e associações de fiéis que procurarão despertar os seus membros para este dinamismo;
- valorizar a vivência da Liturgia. Bem celebrada, ela é o momento em que Deus chama e interpela."

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