"Guardemo-nos uns aos outros", D. Manuel Pelino, Bispo de Santarém

D. Manuel Pelino, Bispo de Santarém, publicou uma nota intitulada Guardemo-nos uns aos outros baseando-se no lema da semana de educação cristã Guardar a fé, guardar o outro, que decorre entre os dias 29 de Setembro a 6 de Outubro.

Nesta nota, o Bispo de Santarém refere que guardar a fé é mantê-la viva e irradiante e cuidar de a transmitir, pois nos é dada como dom para proveito de todos. É uma pena ouvir pais desculparem-se de não orientarem os filhos na educação cristã com o argumento de que quando forem grandes eles é que vão decidir. Também vão decidir nessa altura se vão à escola ou ao médico ou se aceitam integrar-se na família?
Por isso, guardar a fé leva-nos a guardar o outro. Na verdade, ter fé é confiar que Deus que nos guarda e, igualmente, participar do cuidado de Deus pelos outros.

Guardar a fé é prestar atenção ao outro, (...) acompanhá-lo nos caminhos da verdade e do bem. Ora isto vale sobretudo para os pais, avós, encarregados de educação. São os educadores fundamentais, mesmo que tenham hoje menos tempo para estar com os filhos e netos. São também eles que exercem uma influência decisiva na educação cristã, pois educar na fé é ajudar o outro a sair de si mesmo e acompanhá-lo no caminho que leva ao encontro do amor de Deus e do outro. Ora esta missão só se realiza através do afecto e das convicções dos educadores e, em princípio, é na família onde melhor se experimenta este ambiente.

A educação cristã deve ser assumida por todos nós filhos de Deus. Primeiramente como destinatários: todos precisamos de educar a nossa própria fé para a guardar viva e irradiante. Depois, também, como educadores, pois todos nos guardamos uns aos outros na fé
todos somos discípulos que aprendem e seguem o mesmo mestre, Jesus Cristo, e, como discípulos, todos somos também responsáveis pela fé dos outros. Não como pessoas ou grupos isolados mas como membros activos da família e da comunidade cristã, a escola fundamental da educação da fé. Sem este apoio da família e da comunidade, onde a vida cristã se torna visível em gestos e sinais, pouca eficácia terá a acção dos catequistas ou de outros educadores da fé.

A corresponsabilidade pela fé uns dos outros coloca-nos, porém, um grande desafio: passar de uma igreja de clientes de serviços religiosos a uma comunidade de discípulos. É uma preocupação a retomar constantemente na linha da renovação eclesial que vem do Concílio Vaticano II e tão necessária para pôr em prática uma nova evangelização.


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