Uma vocação com Bento XVI... "Uma grande aventura juntos", por Diác. Pedro Nóbrega



Hoje, dia 11 de Fevereiro, o Papa Bento XVI tornou publica a decisão de resignar ao ministério petrino por falta de condições de saúde.

Segundo ele: “no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito, vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste acto, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro.”

Que grande testemunho de quem nutre um enorme amor à Igreja, que força de fé se notam nestas palavras que reconhecem as fragilidades humanas mas mostram o quanto Deus, apesar de nos dar grandes missões, também nos põe livres para saber dar lugar aos outros.

Ao longo deste pontificado vivi grandes momentos junto deste grande homem que é o Papa Bento XVI. O primeiro foi em 2009, quando a 26 de abril pude acompanhar a Canonização de São Nuno de Santa Maria, dia em que pela primeira vez via Pedro ao vivo, foi um encontro emocionante. Depois veio uma grande visita a Portugal, preparada com um enorme carinho e devoção, pois iria-mos ter Pedro junto a nós! Como foi grande a emoção quando no Terreiro do Paço o meu olhar se cruzou com aquela multidão que cantava: ‘Tu és Pedro’ enquanto o Papa entrava na praça! Como nos tocaram aqueles sorrisos do Papa mostrando uma satisfação enorme por todo o carinho que os portugueses lhe deram. Foram dias inesquecíveis!


Veio depois uma enorme prenda, uma carta que apesar de não me ser dirigida nominalmente, era-o pela condição em que me encontrava, a carta escrita aos seminaristas no dia de São Lucas, 18 de Outubro de 2010. Nela duma forma clara e simples o Papa fazia-nos rever a nossa vida e ter a firme certeza de que quem se entrega à verdade que é a vida em Deus, nada deve temer, apenas lançar as redes na certeza de que a pesca será com Ele!

Reservado para 2011 estava o acontecimento mais marcante da minha vida cristã: as Jornadas Mundiais da Juventude em Madrid. Era uma experiencia nova, na qual colocava muitas expectativas. Muito trabalhamos todos para podermos em grupo poder louvar o Senhor nessa semana em Madrid. Mas a maior admiração foi a graça de ser escolhido para poder ler uma prece em português nas laudes que se rezariam na missa que o Papa teria com os seminaristas presentes na JMJ. Pensava que isso seria o momento alto e mais marcante da minha aventura com o Papa naquela semana, mas tal não aconteceu. O melhor foi ver a cara sempre feliz de Bento XVI, quando passava pelas ruas, quando falava. Tocou-me muito a sua perseverança na noite da vigília durante aqueles minutos em que os trovões, a chuva e o vento quiseram reinar. Aí sim, mostrou a valentia não querendo recolher-se perante a ‘tempestade’, como o Papa disse vivemos naquela noite uma grande aventura. Esta atitude de Bento XVI foi para mim o testemunho mais marcante do seu pontificado.

Saímos de Madrid na certeza de que aqueles dois milhões de jovens eram ‘a juventude do Papa’ que perante a escuridão daquela noite não se sentiu abandonada antes mostrou-se Enraizada em Cristo Jesus!





É com tristeza que vejo o Papa dar por terminado o seu pontificado, essa tristeza invade o meu coração porque, desde sempre, Jesus me foi mostrando que se Bento XVI era o pastor da Igreja Católica então eu devia ama-lo com grande ternura e rezar continuamente pelo seu profícuo ministério.

Não deixa de ser curioso ser no dia mundial do doente que o Papa anuncia tal surpresa. Surpresa, que se reveste dum arrojo muito grande, bem como de profunda humildade da parte de quem quer ver a Igreja crescer em força e vitalidade, e como tal sente que o seu lugar deve ser ocupado por outro.

Encho o meu coração de gratidão por todos os dons que me foram concedidos pela acção do Papa Bento XVI, sinto-me mais de Deus sendo iluminado pelo seu testemunho de grandeza e amor à Igreja.

OBRIGADO SANTO PADRE!


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