A fascinante aventura da fé, Carta de D. José Cordeiro às crianças da Diocese de Bragança‐Miranda, por ocasião do Ano da Fé


É com muita alegria que me dirijo a vós, queridos meninos e meninas da Diocese de Bragança‐Miranda, para vos saudar e para fazer chegar até vós uma palavra de muita estima e de encorajamento na fé.

A fé é uma aventura fascinante. Mas talvez já alguns de vós estejam a perguntar: “O que é a fé?!” Antes de mais, convido‐vos a olhar à vossa volta: Deus é maior que nós, Ele é o autor deste mundo tão belo que nos rodeia e do qual também nós fazemos parte. Como nos diz a Bíblia em Job 34, 19: “Nós somos obra das suas mãos”. Nós somos o fruto de um imenso amor e de uma arte deslumbrante do artista que é o nosso Pai do Céu.

Ele fala‐nos pelas suas obras e por esta energia acesa no nosso coração, é a energia do amor. Ele quer falar connosco e partilhar a sua vida. A fé é a aceitação do imenso amor que Deus nos dedica. Mas, como sabeis, às vezes estamos distraídos e não nos damos conta da beleza deste amor que nos envolve, não sabemos entender a sua linguagem.

Então o nosso Pai do Céu enviou o Seu Filho muito amado para que tomasse a nossa condição humana, para nos acompanhar e para nos falar com palavras humanas. No Natal celebrámos este grande acontecimento: Deus faz‐se um de nós! Jesus nasceu de Maria, uma jovem que quis sempre ser fiel aos planos de Deus, e depois passou pelo mundo fazendo o bem e revelando a todos os que se encontraram com Ele que Deus é o Pai do Céu e que os amava muito, ensinando‐os a viver de acordo com este amor. Alguns acreditaram nesta tão bela mensagem, viveram de acordo com ela e deixaram o mundo povoado de felicidade, mas outros não…

Jesus tinha dentro de si tanto amor, tanto amor, que quis abrir o seu coração, mesmo fisicamente, a fim de que todos pudessem ver sair dele este amor como uma fonte, pudessem recebê‐lo para, também eles, se tornarem fontes de amor. Mas certamente os meus amiguinhos e amiguinhas estão a concluir, com razão: “Para abrir o coração, Jesus tinha de morrer!” É verdade, Jesus teve de morrer… Mas, amando tanto os seus amigos, Jesus achou que não se podia separar deles, então pensou em deixar‐lhes um sinal da sua presença e, antes de morrer, teve uma ideia, maravilhosa: fazer‐se pão!

Vós sabeis como precisamos de nos alimentar todos os dias. Através do Pão onde Jesus se faz presente Ele mostra‐nos como a nossa vida precisa da sua vida para viver com mais alegria, mais profundidade, mais verdade. Quando nos alimentamos do seu Pão Ele fica a fazer parte de nós. A nossa vida vive da sua Vida. É este o grande milagre que celebramos em cada missa. Certamente muitos de vós participam semanalmente na Eucaristia. Convido todos a fazê‐lo, para que todos possamos participar da vida de Jesus. É que nós, hoje, também podemos e queremos ser grandes amigos de Jesus. Todos aqueles, em todos os tempos, que
acolhem a sua mensagem a acreditam nela, são os amigos de Jesus.

De entre as muitas coisas que escreveu sobre Jesus, João, um dos seus grandes amigos, conta‐nos que, depois de Jesus ter morrido, um soldado lhe abriu o coração e dele saiu sangue e água. João viu nesse sinal o jorro do amor de Jesus que nos mata a sede e nos chama a participar da sua vida.

Queridos amigos e amigas, esta ferida de Jesus é para nós um sinal de como é belo amar os outros e manifestar esse amor em gestos concretos. Vós perguntais: será que doeu muito? E eu respondo, sim doeu, doeu muito! As feridas doem sempre muito, mas se são por amor elas são fonte de uma alegria imensa e são semente de mais vida. Não é verdade que, quando amamos, sofremos sempre alguma coisa? Fazer um esforço por dar felicidade àqueles que amamos exige, por vezes sacrifício, uma certa dor, mas bem sabeis como esta dor é fonte de muita alegria. Dar o perdão a um amigo que nos ofendeu; obedecer a quem nos pede ajuda, consolar um colega que está triste, não responder com agressividade… tudo isso exige valentia e alguma dor. É como se fosse também uma ferida. Mas esta ferida do amor traz mais vida, faz florescer a vida à nossa volta, é como a vida de Jesus.

Nós vamos celebrar este grande amor de Jesus no Tríduo Pascal, que este ano decorre entre os dias 28 e 30 de Março: Quinta‐Feira Santa, Sexta‐Feira Santa e Sábado Santo.

Eu celebrarei em Bragança, na Catedral, que, na nossa Diocese, é o sinal da unidade da fé. Convido‐vos também a participar nas várias celebrações que vão acontecer nas vossas igrejas, porque a Liturgia é a grande escola da fé, como eu escrevi a todos os cristãos da nossa Diocese no início deste ano, e todos nós queremos ser bons alunos na escola de Jesus.

No dia de Quinta Feira Santa celebramos aquela ceia em que Jesus se despediu dos seus amigos e se lhes deu no pão e no vinho, gesto que nós repetimos em todas as missas. Na Sexta‐Feira celebramos a morte de Jesus, aquele dia em que da sua ferida nasceu para nós um rio de amor. No Sábado Santo, à noite, já entramos no grande Domingo da Ressurreição, celebrando a grande explosão da luz, quando Jesus, envolvido pela força do amor, retoma a sua vida. Sim, Ele está vivo! Está nos nossos corações e vêmo‐l’O com os olhos da fé. Com certeza já O viram!


Desde o dia 13 de Fevereiro temos um tempo de preparação chamado Quaresma – porque se trata de quarenta dias – para a grande celebração da Páscoa. Neste tempo estamos especialmente atentos à Palavra de Deus, desenvolvemos a nossa relação de amizade com Jesus por meio da oração e somos diligentes em gestos de caridade para com aqueles que nos rodeiam.


A celebração da Páscoa é o cento da nossa fé. Para esta fé, o Papa Bento XVI lançou‐nos um grande desafio. Que a tenhamos em muita atenção durante este ano, cuidemos dela e a desenvolvamos. A nossa fascinante aventura da fé começou no dia do nosso batismo e pede‐nos uma caminhada para que, dia a dia, cada vez mais nos pareçamos com Jesus e nos aproximemos do seu amor.

O Papa na mensagem que escreveu a todos os cristãos para a vivência desta Quaresma diz‐nos precisamente que “Toda a vida cristã consiste em responder ao amor de Deus”. E, queridos amiguinhos e amiguinhas, fazendo assim seremos felizes.

Olho para vós com muita esperança! Vós sois frutos da alegria de Deus, testemunhos do Seu amor, sementes de futuro. Continuo a contar muito com cada um de vós, com a vida que Deus em vós acendeu, com a vossa vontade de crescer, com a amizade que quereis cultivar com Jesus, com a vossa capacidade de amar. Espero mesmo a vossa ajuda: juntos podemos fazer crescer em santidade e bondade a nossa Igreja de Bragança‐Miranda!

Para cada um de vós envio uma especial saudação.

Bragança, 10 de Fevereiro de 2013, Domingo, memória de Santa Escolástica, irmã de S. Bento, Padroeiro da Diocese de Bragança‐Miranda

D. José Cordeiro

A fascinante aventura da fé. Carta às crianças da Diocese de Bragança‐Miranda, por ocasião do Ano da Fé.


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