Mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial da Paz

No dia 1 de Janeiro, celebra-se o 46º Dia Mundial da Paz e o Papa Bento XVI, na sua mensagem intitulada Bem-aventurados os obreiros da paz, começa por pedir a Deus, Pai da humanidade, que nos conceda a concórdia e a paz a fim de que possam tornar-se realidade, para todos, as aspirações duma vida feliz e próspera.

As bem-aventuranças proclamadas por Jesus (cf. Mt 5, 3-12; Lc 6, 20-23) são promessas (...) feitas a quantos se deixam guiar pelas exigências da verdade, da justiça e do amor. Frequentemente, aos olhos do mundo, aqueles que confiam em Deus e nas suas promessas aparecem como ingénuos ou fora da realidade. A bem-aventurança de Jesus diz que a paz é, simultaneamente, dom messiânico e obra humana. Na verdade, a paz pressupõe um humanismo aberto à transcendência; é fruto do dom recíproco, de um mútuo enriquecimento, graças ao dom que provém de Deus e nos permite viver com os outros e para os outros. A ética da paz é uma ética de comunhão e partilha.

A paz envolve o ser humano na sua integridade e supõe o empenhamento da pessoa inteira: é paz com Deus, vivendo conforme à sua vontade; é paz interior consigo mesmo, e paz exterior com o próximo e com toda a criação.

Para nos tornarmos autênticos obreiros da paz, são fundamentais a atenção à dimensão transcendente e o diálogo constante com Deus, Pai misericordioso, pelo qual se implora a redenção que nos foi conquistada pelo seu Filho Unigénito.

A realização da paz depende sobretudo do reconhecimento de que somos, em Deus, uma única família humana.  A paz é uma ordem de tal modo vivificada e integrada pelo amor, que se sentem como próprias as necessidades e exigências alheias, que se fazem os outros comparticipantes dos próprios bens e que se estende sempre mais no mundo a comunhão dos valores espirituais.

Caminho para a consecução do bem comum e da paz é, antes de mais nada, o respeito pela vida humana, considerada na multiplicidade dos seus aspetos, a começar da conceção, passando pelo seu desenvolvimento até ao fim natural. Assim, os verdadeiros obreiros da paz são aqueles que amam, defendem e promovem a vida humana em todas as suas dimensões: pessoal, comunitária e transcendente. A vida em plenitude é o ápice da paz. Quem deseja a paz não pode tolerar atentados e crimes contra a vida.

O obreiro da paz deve ter presente também que as ideologias do liberalismo radical e da tecnocracia insinuam, numa percentagem cada vez maior da opinião pública, a convicção de que o crescimento económico se deve conseguir mesmo à custa da erosão da função social do Estado e das redes de solidariedade da sociedade civil, bem como dos direitos e deveres sociais. Ora, há que considerar que estes direitos e deveres são fundamentais para a plena realização de outros, a começar pelos direitos civis e políticos. E, entre os direitos e deveres sociais atualmente mais ameaçados, conta-se o direito ao trabalho. Isto é devido ao facto, que se verifica cada vez mais, de o trabalho e o justo reconhecimento do estatuto jurídico dos trabalhadores não serem adequadamente valorizados, porque o crescimento económico dependeria sobretudo da liberdade total dos mercados.

De vários lados se reconhece que, hoje, é necessário um novo modelo de desenvolvimento e também uma nova visão da economia. Quer um desenvolvimento integral, solidário e sustentável, quer o bem comum exigem uma justa escala de bens-valores, que é possível estruturar tendo Deus como referência suprema.
Para sair da crise financeira e económica atual, que provoca um aumento das desigualdades, são necessárias pessoas, grupos, instituições que promovam a vida, favorecendo a criatividade humana para fazer da própria crise uma ocasião de discernimento e de um novo modelo económico. O modelo que prevaleceu nas últimas décadas apostava na busca da maximização do lucro e do consumo, numa ótica individualista e egoísta que pretendia avaliar as pessoas apenas pela sua capacidade de dar resposta às exigências da competitividade

Olhando de outra perspetiva, porém, o sucesso verdadeiro e duradouro pode ser obtido com a dádiva de si mesmo, dos seus dotes intelectuais.

Concretamente na atividade económica, o obreiro da paz aparece como aquele que cria relações de lealdade e reciprocidade com os colaboradores e os colegas, com os clientes e os usuários. Ele exerce a atividade económica para o bem comum, vive o seu compromisso como algo que ultrapassa o interesse próprio, beneficiando as gerações presentes e futuras. Deste modo sente-se a trabalhar não só para si mesmo, mas também para dar aos outros um futuro e um trabalho dignos.

Os diversos obreiros da paz são chamados a cultivar a paixão pelo bem comum da família e pela justiça social, bem como o empenho por uma válida educação social. Ninguém pode ignorar ou subestimar o papel decisivo da família, célula básica da sociedade, dos pontos de vista demográfico, ético, pedagógico, económico e político. De modo especial, a família cristã guarda em si o primordial projeto da educação das pessoas segundo a medida do amor divino. A família é um dos sujeitos sociais indispensáveis para a realização duma cultura da paz.

Concluindo, há necessidade de propor e promover uma pedagogia da paz.

Esta requer uma vida interior rica, referências morais claras e válidas, atitudes e estilos de vida adequados. Com efeito, as obras de paz concorrem para realizar o bem comum e criam o interesse pela paz, educando para ela. Pensamentos, palavras e gestos de paz criam uma mentalidade e uma cultura da paz, uma atmosfera de respeito, honestidade e cordialidade. Por isso, é necessário ensinar os homens a amarem-se e educarem-se para a paz, a viverem mais de benevolência que de mera tolerância. Incentivo fundamental será « dizer não à vingança, reconhecer os próprios erros, aceitar as desculpas sem as buscar e, finalmente, perdoar », de modo que os erros e as ofensas possam ser verdadeiramente reconhecidos a fim de caminhar juntos para a reconciliação. Isto requer a difusão duma pedagogia do perdão.

Pedimos a Deus, juntamente com o Beato João XXIII, que ilumine os responsáveis dos povos para que, junto com a solicitude pelo justo bem-estar dos próprios concidadãos, garantam e defendam o dom precioso da paz; inflame a vontade de todos para superarem as barreiras que dividem, reforçarem os vínculos da caridade mútua, compreenderem os outros e perdoarem aos que lhes tiverem feito injúrias, de tal modo que, em virtude da sua ação, todos os povos da terra se tornem irmãos e floresça neles e reine para sempre a tão suspirada paz.

Encontraram Jesus no Templo, sentado no meio dos doutores a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas


Festa de Natal da Catequese

No passado dia 8 de Dezembro teve lugar a Festa de Natal da Catequese, organizada pelo 1º ao 6º catecismos.

Nesta festa, as crianças cantaram canções natalícias enquanto íam construindo o presépio de Belém e ofereceram ao Menino Jesus presentes que simbolizam o seu compromisso de caminhada na catequese.

Partilhemos a alegria do nascimento de Deus Menino.



Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens por Ele amados.


Homilia do Cardeal Patriarca de Lisboa no Dia de Natal 2012


Nesta  celebração da Solenidade do Natal, os textos da Sagrada Escritura que agora escutámos põem-nos realisticamente perante a urgência da Missão. Isaías proclama: “Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a boa-nova, que proclama a salvação” (Is. 52,7). Os anjos anunciaram aos pastores, os magos seguiram a estrela que os conduziu a Cristo. A Igreja de hoje, numerosa em toda a terra, é composta por todos aqueles a quem chegou esta notícia do nascimento do Salvador, o próprio Filho de Deus feito Homem. Mas quando cada cristão se encontra com Cristo, escuta a sua Palavra, e na fé experimenta já a alegria da liberdade, é imediatamente enviado, com urgência, a anunciar, a proclamar que Ele é o nosso libertador, que vale a pena segui-l’O, que é maravilhoso amá-l’O.


O Evangelho de São João continua a ser, hoje, uma afirmação chocante que não nos pode deixar indiferentes: “N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam”. É grave, na nossa vida, fecharmo-nos à luz. “E o Verbo era a luz verdadeira que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem. Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu. Veio para o que era seu e os seus não O receberam”.

Veio para o que era seu, porque foi criador de todas as coisas e porque ao fazer-se Homem se uniu intimamente a todos os homens. Mesmo os que não O conhecem têm no seu coração a sua marca, “as sementes do Verbo”, que podem desabrochar num reconhecimento, num encontro pessoal que transforma a vida.


Nós, os crentes, temos de tomar a sério estas palavras e ao fazê-lo enfrentamos o drama chocante da humanidade: Ele continua a vir para o que é Seu, e os seus não O recebem, Ele quer inundar de luz, de paz, de esperança e de alegria os corações sofridos e atribulados, mas há tantos que recusam a luz. Neste Ano da Fé assumamos que Ele espera que nós os crentes sejamos portadores da luz, anunciadores da esperança e da alegria. Quando se encontrou connosco, cumulou-nos de dons: “àqueles que O receberam e acreditaram no seu Nome deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus”. Mas ele espera de nós, que com a nossa vida, pela nossa palavra convicta, pelo testemunho do nosso amor, O anunciemos àqueles que até agora não O acolheram, um pouco por culpa nossa, porque não O anunciamos.


Estejamos atentos às buscas, às inquietações das pessoas que nos rodeiam, pois como afirma o Papa Bento XVI “não podemos esquecer que, no nosso contexto cultural, há muitas pessoas que, embora reconhecendo em si mesmas o dom da fé, todavia vivem uma busca sincera do sentido último e da verdade definitiva da sua existência e do mundo. Esta busca é um verdadeiro preâmbulo da fé”. Talvez que, para que isso aconteça, baste o nosso testemunho de fé.

Um dos desafios da nova evangelização é o de encontrar novos caminhos para o anúncio da fé cristã neste tempo, que é o nosso. Partilhemos a esperança de Isaías: “O Senhor descobre o seu Santo braço à vista de todas as nações e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus”. Não relativizemos esta urgência, pois é importante os homens encontrarem-se com Jesus Cristo, pois só Ele nos conduzirá a Deus. É urgente inventarmos novos caminhos de missão.

Homilia do Cardeal Patriarca de Lisboa no Dia de Natal 2012



Homilia do Cardeal Patriarca de Lisboa na noite de Natal 2012

O amor de Deus é criador, pode fecundar e fazer germinar a vida. A Encarnação do Verbo de Deus é a etapa definitiva da criação.


É do coração da mulher que brota especialmente o amor virginal, realidade muito mais envolvente e totalizante que a virgindade física. Como se caracteriza esta amor virginal? Basílio de Cesareia, referindo-se às virgens cristãs, define-o assim: “Chamamos virgem àquela que, livremente, se oferece a Cristo Senhor, renunciou ao casamento e preferiu a vida na castidade”. O elemento decisivo do amor virginal não é a renúncia mas a entrega total de todo o ser, no corpo e no espírito, com todas as capacidades e desejos, ao amor de Cristo. Há renúncia, porque há entrega sem limites.


Como Maria gerou Cristo, fecundada pelo amor divino, a Igreja gera os seus filhos para serem santos; e o caminho da santidade é o amor virginal que supõe a entrega de todo o ser a Deus.


A luz anunciada por Isaías e a alegria dos pastores é, hoje, a nossa alegria de sermos membros da Igreja, deste Povo nascido do amor fecundo do Espírito de Deus e onde continuam a florir os lírios do amor virginal, fecundo como o de Maria. Nela, a Igreja reconhece-se como Esposa do Cordeiro, certa da sua fecundidade para continuar a gerar novos filhos de Deus.

Homilia do Cardeal Patriarca de Lisboa na noite de Natal 2012


Festa da Padroeira Nossa Senhora do Amparo, 18 de Dezembro

A Festa da padroeira da nossa Paróquia, Nossa Senhora do Amparo realiza-se na próxima 3ª feira, dia 18 de Dezembro.
Neste dia, a Missa das 19h será solenizada.

Todas as crianças, familiares e catequistas, são chamados a estar presentes nesta celebração de festa em honra de Nossa Senhora do Amparo.

Que Nossa Senhora ampare todos os paroquianos de Benfica.

Interrupção dos encontros de Catequese

Os encontros de Catequese, na nossa Paróquia, serão interrompidos a partir do dia 16 de Dezembro, sendo retomados na 5ª feira, dia 3 de Janeiro.

Durante este período, nos Sábados de 22 e 29 de Dezembro, a Missa da Catequese realiza-se no horário habitual (16h15).

Presentes Solidários 2012

A Fundação Fé e Cooperação (FEC) tem a decorrer a 7ª edição da campanha Presentes Solidários. A campanha, em vigor até ao dia de Reis, 6 de Janeiro, é uma oportunidade para que sejam dadas respostas concretas a necessidades das comunidades vulneráveis espalhadas pelos países lusófonos. É também uma oportunidade para aproximar continentes e desafiar os portugueses, enquanto cidadãos do mundo, a reconhecer o seu papel e responsabilidades individuais e colectivas na construção de um mundo mais fraterno.

Esta é a proposta de Natal da FEC: a solidariedade participativa é uma forma de realizar algo diferente e contribuir verdadeiramente para a melhoria das condições de vida de tantas famílias dos países em vias de desenvolvimento que, diariamente, se cruzam com dificuldades extremas.

Os Presentes Solidários procuram contribuir para o desenvolvimento sustentado dos países lusófonos. Vão ao encontro de áreas tão importantes como a educação, a saúde e as infra-estruturas e são comprados em cada país, a fim de promover o comércio local em colaboração estreita com oito parceiros no terreno: Cáritas Angola, Grupo Missão Mundo, Cáritas Mindelo, Fundação Gonçalo da Silveira, Cáritas Guiné-Bissau, Leigos da Boa Nova, Fundação S. João de Deus, Associação Portuguesa de Solidariedade Mãos Unidas P. Damião.

A originalidade de Dar a duplicar

A campanha Presentes Solidários traduz o slogan Dar a duplicar!: qualquer pessoa pode escolher entre os dez presentes diferentes que constam do catálogo deste ano e que foram previamente escolhidos de acordo com as necessidades reais do terreno. Fará depois a encomenda em nome de um amigo, colega ou familiar que receberá um postal ilustrado com a indicação do presente oferecido. Deste modo, estará a dar a duplicar: contribui com o seu dinheiro para que uma família ou comunidade desfavorecida receba algo que lhe é necessário e está ainda a surpreender o seu amigo, colega ou familiar com um postal ilustrado com a indicação do presente oferecido em seu nome.

Novidades 2012

Este ano a campanha apresenta um catálogo com dez novos presentes. Dois deles, uma Bicicleta e uma Maleta de Parteira, são de valor mais elevado que podem ser adquiridos a título individual, mas também por grupos, empresas ou paróquias. O restante catálogo é composto pelos seguintes presentes: Galinhas e Galo para Angola, Alfaias Agrícolas para a Guiné-Bissau, Mochila e Materiais Escolares para Timor-Leste, Leite em Pó para Moçambique, Marmita para Idosos de São Tomé e Príncipe, Rede Mosquiteira e Cama de Rede para o Brasil, Livros para Biblioteca em Cabo-Verde, Bolsa do Voluntário para Portugal.

Esta edição de 2012 conta ainda com novos padrinhos, figuras públicas, absolutamente comprometidas com cada um dos Presentes Solidários. São rostos fortes e determinados no alcance de condições de vida iguais para todos, todos eles um testemunho vivo de solidariedade e compaixão. São eles Marcelo Rebelo de Sousa, D. António Couto, Alice Vieira, Maria da Glória Garcia, Guilherme d’Oliveira Martins, António Monteiro, Pe. Tony Neves, José Diogo Quintela, Maria João Avillez, Pedro Rocha e Mello, Laurinda Alves, Fernanda Freitas, Miguel Arrobas, Inês Pupo e Gonçalo Pratas.

Foram ainda elaborados diversos materiais e actividades pedagógicas, adaptadas a cada nível de ensino, com o objectivo de apoiar os professores na dinamização da campanha Presentes Solidários na escola, mobilizando alunos, encarregados de educação, professores e funcionários. É urgente pensar o mundo de forma global, como uma grande casa em que todos habitamos e onde todos somos responsáveis por todos. Ana Patrícia Fonseca, coordenadora do Departamento de Educação para o Desenvolvimento da FEC, explica esta aposta, “com a integração da campanha Presentes Solidários nas escolas queremos sensibilizar e mobilizar a sociedade portuguesa para a justiça social e o desenvolvimento sustentável local e global. É importante questionar que mudanças devem acontecer nos países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento, e que mudanças devem acontecer na vida de cada um de nós, de forma a garantir uma verdadeira opção pelos pobres e a fidelidade a quem confia em nós para melhorar as suas condições de vida. A campanha Presentes Solidários é um verdadeiro instrumento de educação global. Daí a urgência de a introduzir nas escolas, onde preparamos e educamos as gerações futuras.”

Os “Presentes Solidários” no Natal

A campanha Presentes Solidários promove o empenho de cada indivíduo para a justiça social e económica global partindo do princípio que a solidariedade é um laço inquebrável, estimulante e inspirador na construção de um Mundo onde o desenvolvimento seja cada vez mais uma realidade global e ninguém fique marginalizado. Esta campanha é assim uma oportunidade muito concreta de realizar a esperança cristã a que somos convidados neste tempo do Advento. Por mais simples que seja a nossa oferta, é sempre uma aposta no futuro e um compromisso com aqueles que também desejam trilhar os caminhos do desenvolvimento.

Rito de Admissão dos Catecúmenos



Realizou-se, hoje, o Rito de Admissão das crianças catecúmenas que vão receber os Sacramentos de Iniciação Cristã este ano pastoral.

As crianças foram acolhidas na Igreja e, na presença da comunidade paroquial, manifestaram a sua vontade de serem cristãs.

Rezemos por estas crianças para que possam acolher Jesus no seu coração.

Ordenações diaconais em Lisboa: Escolhidos para servir



Bartolomeu Mota, Diogo Correia, Paolo Ciampoli, Paulo Pires e Thomaz Fernandez vão ser ordenados diáconos, este Domingo, 2 de Dezembro, no Mosteiro dos Jerónimos. Provenientes dos Seminários dos Olivais e Redemptoris Mater do Caminho Neocatecumenal, os futuros padres testemunham a procura de um sentido para a vida.

Diogo Correia tem 42 anos. Vem da paróquia de Alenquer e é oriundo de uma família católica, de onde diz ter recebido "muitos testemunhos de fé verdadeira e profunda”. A inserção na vida paroquial marcou a sua vida cristã até ao momento em que entrou na Universidade de Coimbra. Antes, conheceu em Lisboa uma realidade juvenil diferente daquela que vivia em Alenquer. "Na altura ainda não havia muitos movimentos e então comecei a acompanhar a Acção Católica dos Meios Independentes Juvenis (ACIJ) e foi aí que tive a primeira experiência de encontro com outros jovens católicos", destaca Diogo Correia ao Jornal VOZ DA VERDADE.

Em Coimbra esteve ligado ao Centro Universitário Padre Manuel da Nóbrega, dos Jesuítas. Mais tarde, a convite do seu irmão, começou a frequentar os encontros do movimento eclesial Comunhão e Libertação, onde se integrou até à sua entrada no Seminário dos Olivais.

Embora a sua decisão vocacional tenha acontecido muitos anos mais tarde, Diogo considera que lendo a história da sua vida encontra "momentos muito concretos" onde percebe que foi sendo chamado por Deus. Formado em História da Arte, especializou-se na área do Património Histórico e reconhece "ter tido a graça de trabalhar sempre na área em que tinha estudado". Entre 1995 e 2002 trabalhou no Mosteiro dos Jerónimos, e após ter concluído o mestrado em Gestão de Património esteve na Câmara Municipal de Óbidos, entre 2002 e 2007, ano em que veio a entrar no Seminário dos Olivais para iniciar a sua formação sacerdotal. "Trabalhei mesmo até à véspera de entrar no seminário", recorda. "Nosso Senhor foi-me oferecendo sempre boas oportunidades de emprego que me entusiasmavam e realizavam. Mas à medida que ia caminhando fui percebendo que faltava algo e que o meu coração continuava inquieto. Percebi que o Senhor me chamava a uma entrega mais radical", testemunha Diogo Correia.

Hoje, aos 42 anos, Diogo considera que sempre foi um “católico militante” e talvez por isso, no meio onde estava, “desde os almoços até às reuniões de trabalho, frequentemente o tema Jesus Cristo aparecia nas conversas”. “Dava algum testemunho da minha fé”, sublinha Diogo referindo que, por isso, “na generalidade a sua decisão não surpreendeu ninguém”.
 
Bartolomeu Mota vem da paróquia de Caxias e tem 30 anos. É o mais novo de oito irmãos. Os seus pais, provenientes de um ambiente católico, desde muito cedo lhe transmitiram a fé através da oração fazendo-o conhecer Jesus Cristo "como uma pessoa a quem podia recorrer", conta ao Jornal VOZ DA VERDADE. Tem duas irmãs monjas, num mosteiro em França e em Portugal. Porque a sua família era grande e "não muito abastada" viu "muitas vezes a providência divina a actuar", e a forma como os seus pais "se confiavam a Jesus Cristo". "Isso ficou-me gravado", aponta. Apesar das raízes cristãs, Bartolomeu viveu um período da sua vida afastado da Igreja. Em 1999, quando tinha 17 anos, entrou numa Comunidade Neocatecumenal. "Eu não entendia aquilo. Não entendia a linguagem... não me tocava!", refere.

Em 2003, aos 22 anos, enquanto estudava Economia na Universidade Nova em Lisboa, manifestava "o anseio de ser autónomo". "Tinha um orgulho muito grande e uma arrogância interior que me levava a dizer 'eu faço e decido o que quero!'. No entanto, Bartolomeu via "que isso não dava resultado" e sentia-se "confuso e perdido". Por imposição da mãe, participa num retiro do Caminho Neocatecumenal. "Aí foi feita a proposta do Pré-Seminário [do Caminho Neocatecumenal] aos jovens, e eu com uma atitude de voluntarismo, fui!", conta Bartolomeu.

Nessa experiência de pré-seminário, iniciada em Janeiro de 2004, reencontra-se com Jesus Cristo e "espontaneamente voltou a surgir a oração interior, e o desejo de estar em intimidade com Jesus Cristo". Em Setembro do mesmo ano, fazem-lhe a proposta de entrar no seminário, e depois de um encontro internacional em Roma, Bartolomeu é enviado para o seu próprio país.
 
Paulo Pires tem 26 anos. Nasceu em Lisboa e provém da paróquia de São Brás, no Concelho da Amadora. Fez sempre os seus estudos na escola em Benfica e reconhece que "não era um aluno brilhante, sobretudo em matemática”. Mas, porque “gostava muito de ciências naturais e biologia” acabou por ser confrontado com as disciplinas que envolviam a matemática. Por volta dos 14 anos diz ter decidido "o seu percurso de escola", que o iria levar a escolher a área das ciências. "Correu tudo bem! Tudo o que eu tinha decidido foi até ao fim", garante Paulo Pires ao Jornal VOZ DA VERDADE.

Na Paróquia frequentou os dez anos de catequese. Foi crismado e integrou-se num grupo de jovens, o que considera ter sido "muito significativo para a descoberta vocacional". Embora nunca se tenha afastado da Igreja, Paulo está consciente de que a sua ligação "à Igreja e a Jesus foi variando muito". "Foi o passar por uma experiência de conversão que me trouxe até aqui e me tem sustentado”, refere. Num retiro conheceu um sacerdote que, com o passar dos anos, veio a ser "o responsável" pela descoberta da sua vocação. "Foi importante porque o padre Luís Barros, tendo acabado de ser ordenado, foi exercer funções para a paróquia de Belas e São Brás, que naquela altura estavam juntas, e acompanhou o grupo de jovens onde eu estava. Foi muito bom, porque tinha ali à minha frente um padre a quem ‘bombardeei’ com muitas questões. Aquelas questões que os jovens têm", refere Paulo Pires.

O esclarecimento foi ajudando Paulo a perceber o que é ser Igreja. “As respostas que estava a obter faziam sentido, tinham lógica. O ser Igreja, a presença de Jesus Cristo na vida das pessoas e do mundo tem uma lógica. E para mim, que tinha uma mentalidade formatada cientificamente, foi o começo”, aponta.

Foi descobrindo a espiritualidade pela oração e pela frequência mais assídua da missa e, percebendo depois, "por pequenos sinais, apesar de não muito directos", que Deus o chamava "a uma entrega radical”, Paulo testemunha esta experiência como sendo “semelhante ao enamoramento". "Eu já não percebia a minha vida longe do Senhor e desta possibilidade de poder dar a vida como sacerdote", acentua.

Em 2004 inicia a licenciatura em Ciências. Mas desses dois anos que frequentou sublinha que “o último foi muito difícil". "Sentia que Nosso Senhor me chamava a uma realidade e eu estava noutra. Foi uma luta muito dificil", observa. No Verão de 2005 conheceu o Seminário de S. José de Caparide que o colocou em contacto com uma nova realidade. "Vi que os seminaristas que lá estavam eram pessoas especiais, mas não eram pessoais anormais", refere. Um ano depois, entra no seminário. Um tempo que considera ter sido muito importante "para crescer na humildade".
 
Paolo Ciampoli é natural de Ortona, em Itália. Tem 32 anos e chega à ordenação diaconal depois de um percurso de vida que o trouxe até Portugal. Diz ter feito "um percurso normal até ao crisma", quando tinha 14 anos. Depois disso "não encontrava na Igreja as respostas que procurava" e acabou por se ir afastando. Hoje, percebe que Deus permitiu que "procurasse a vida no mundo". A “má relação com um irmão” levava a que "fugisse dos sofrimentos que sentia em família". "Tentava fugir disso com os amigos", refere. “Mas no fundo, sentia que havia um buraco cá dentro que eu não conseguia preencher com essa vida”.

O ano de 2000, ano do Jubileu, é o seu primeiro ano de universidade em Roma, para onde vai com o objectivo de estudar Engenharia do Ambiente. Ali sentiu-se "perdido numa cidade muito grande". "Senti dificuldade nos estudos e na própria vida na cidade de Roma", revela. No final desse ano lectivo desistiu do curso, regressou a casa, e nessa altura foi convidado a frequentar as catequeses do Caminho Neocatecumenal. "Foi para mim uma revelação! Eu tinha uma ideia da Igreja como moralismo, como lei, vendo a missa como uma seca. Mas ali percebi que a Igreja não é isso! A Igreja é poder viver a fé com uma comunidade de irmãos”, explica referindo que ali a vida começou a mudar. “Se antes, para ser bem aceite no grupo eu tinha de fazer o que os outros faziam; se em casa tinha de pôr uma máscara para fingir perante os meus pais que eu era bem comportado; pela primeira vez senti uma libertação quando me anunciaram que Deus me amava, assim como eu era. Experimentei aí, pela primeira vez, o perdão dos pecados. Foi a minha verdadeira confissão”, testemunha.

‘Gratidão’ é uma “palavra chave” para Paolo Ciampoli, porque reconhece “ter encontrado na Igreja a felicidade que procurava”. Lutou contra Deus porque “sentia o desejo de constituir família” mas, destaca, “Deus foi mais forte”.

Em 2005, num encontro internacional em Roma, tendo manifestado a sua disponibilidade para "ir para qualquer parte do mundo", Paolo foi enviado para Portugal. Hoje, reconhece que o projecto que poderia ter para a sua vida "era uma coisa muito mesquinha que se limitava aos muros", da sua terra. Mas Deus levou-o "ao deserto", para que “pudesse descobrir o que havia no [seu] coração”.
 
Thomaz Fernandez tem 31 anos. Nasceu nos Estados Unidos, onde viveu os seus dois primeiros anos e veio depois para Portugal, onde esteve até aos quinze. Partiu para a Suiça, "com toda a família", onde esteve mais três anos, regressando, depois, para iniciar o curso de engenharia civil.

Proveniente de uma família católica, afirma ter aprendido muito "não só pelos conteúdos mas no modo de viver". Dos pais aprendeu também a oração. "Aprendi a rezar desde pequenino e essas foram sementes que Deus pôs na minha vida", refere ao Jornal VOZ DA VERDADE.

Na adolescência, quando partiu para a Suiça, "tinha uma fé muito infantil", e entrou "num mundo muito mundano". "Fiz muitos amigos, num ambiente internacional mas ao nível da fé foi um período mau". Depois de dois anos "com uma adolescência selvagem" sente um vazio. "O nosso coração está feito para Deus, para se encontrar com Ele e estar em comunhão com Ele. E quando tentamos preencher com aquilo que não é Deus, de maneira desordenada, acaba por dar para o torto", observa Tomaz testemunhando ter sentido "uma grande insatisfação”.

Por essa altura, ainda na Suiça, recebe um convite para se preparar para o Sacramento do Crisma. Ao ser crismado começa "a mudar a pouco e pouco vendo que havia coisas na vida que não agradavam a Deus". Regressa a Lisboa para iniciar o curso de Engenharia Civil, um período que considera ter sido de "conversão forte". "Estava na fase de mudança de vida mas sentia ao mesmo tempo um vazio", diz Thomaz. Na memória guarda a experiência de uma confissão. “Senti um alivio muito grande e percebi que era um novo começo”. A partir desse momento Thomaz começa a rezar "todos os dias um bocadinho". "Às vezes fechava-me no quarto a ler a Bíblia ou outro livro espiritual. Comecei a ir à missa durante a semana, a rezar o Terço e assim fui andando nesse tempo de universidade".

O despertar da vocação acontece ainda na universidade ao ‘ouvir’ uma voz que lhe diz que, “possivelmente” Deus podia pedir-lhe para ser padre. “Ser padre era a última coisa que eu queria ser”, garante. Interpelado, Thomaz chegou a pensar em ser missionário em África. Mas a sua atracção pela figura de São Francisco de Assis tocava-o e levou a questionar-se sobre a vida religiosa. Depois de uma experiência de trabalho nos Estados Unidos da Ámérica e de ter iniciado, entretanto, uma formação teológica, decide ir para Roma. Um ano depois, sem estar ainda em seminário, pede à Diocese de Lisboa que o acolha como seminarista. Num ‘regime especial’, entra no Seminário Internacional ‘Sedes Sapientiae’, da Opus Dei. Cinco anos depois, terminada a formação teológica, regressa a Lisboa, onde durante este ano 2012/2013, no Seminário dos Olivais, faz a sua formação pastoral.

Vigiai e orai em todo o tempo