Homilia de D. Nuno Brás na Missa das Universidades

No passado dia 23 de Outubro, teve lugar a Missa das Universidades presidida pelo Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Nuno Brás.

Na homilia, D. Nuno Brás, a propósito da leitura evangélica, abordou a questão da fé referindo que longe de nos afastar da realidade em que vivemos; de nos fazer esquecer as durezas e os sofrimentos, as alegrias e as esperanças, nossas ou do mundo que nos rodeia, a fé faz-nos antes olhar e perceber tudo de um modo diferente.

Sem a fadiga da conversão quotidiana, sem aquela atitude perante a existência própria daquele que aceita viver com Cristo; sem a procura de fazer coincidir o seu viver com aquilo que é afirmado pela fé; sem os escárnios diários que os preconceitos contra a fé trazem inevitavelmente consigo, quando ela procura propor o olhar diferente de Deus; enfim: sem a fé e as suas consequências, tudo é bastante mais fácil e mais conforme ao modo de viver contemporâneo. Tratar-se-á, simplesmente, de ir vivendo, e de procurar percorrer a escada do sucesso, até chegar à meta a que, eventualmente, nos propusemos.
E, no entanto, a questão – viver com ou sem Deus; olhar a realidade com ou sem os olhos da fé – continua a colocar-se, e exige, de cada um de nós uma resposta, não apenas válida para o momento que passa, mas que ajude a perceber a Verdade do existir, do nosso existir pessoal ao longo de toda a nossa história.

Afirmava há dias o Papa Bento XVI, quando um jornalista o interrogou sobre os motivos da sua esperança: “A procura de Deus encontra-se profundamente inscrita em cada alma humana, e não pode desaparecer. Certamente, podemos por algum tempo esquecer Deus, colocá-lo a um canto, ocupar-nos de outras coisas; mas Deus nunca desaparece. É simplesmente verdadeiro o que diz S. Agostinho, que nós, seres humanos, continuamos inquietos enquanto não encontrarmos Deus. Esta inquietação existe ainda hoje. (...) O Evangelho de Jesus Cristo, a fé em Cristo é simplesmente verdadeira. E a verdade não envelhece. Em todos os períodos da história aparecem novas dimensões do Evangelho, aparece toda a sua novidade, que responde às exigências do coração e da razão humana, que deste modo pode caminhar na verdade e encontrar-se. E por isso – precisamente por isso – estou convencido que existe também uma nova Primavera do cristianismo”.

A “Missa das Universidades” ajuda-nos pois, a recordar que a Universidade, a investigação, o estudo, longe de serem realidades à parte, paralelas à fé, são antes o lugar da procura pela Verdade – o lugar onde os olhos da fé, que Cristo nos abriu, longe de nos fornecerem respostas pré-fabricadas e velhas, nos convidam a ir mais longe, e a abrir o nosso coração a essa nova, surpreendente e inesperada Primavera que Cristo nos traz – tanto mais surpreendente e inesperada quanto os sinais do mundo velho parecem querer convencer-nos do contrário.

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