Palavras de D. Joaquim Mendes na Missa com celebração de Crisma, 13 de Maio

O Beato João Paulo II ensinou-nos que Jesus Cristo é o «rosto humano de Deus e o rosto divino do homem» (Igreja em América, 57).

Jesus iniciou os discípulos nos segredos da vida divina, deu-lhes a conhecer tudo aquilo que ouviu de Deus seu Pai, e, antes da sua ascensão, recomenda-lhes vivamente para permanecerem no seu amor: «Permanecei no meu amor».

Permanecer no amor implica a observância dos mandamentos. Os discípulos devem guardar os mandamentos, tal como Jesus guardou os mandamentos de Deus seu Pai.

A missão de Jesus é a missão dos discípulos que acolhem o convite para permanecer nele: revelar a todos a beleza do amor que salva. Ser sinais e portadores do amor de Deus para o mundo. Este é o «muito fruto» que Deus e Jesus esperam de nós.

Ser amigo de Jesus não é apenas uma questão de voluntarismo, de simpatia, de gosto pessoal, mas é um dom divino, é resposta a um chamamento, o chamamento à salvação; é resposta ao amor de Jesus, que nos amou, antes mesmo de nós o amarmos.

Ser amigo de Jesus é amar os outros, como Jesus nos amou.

Não um amor por simpatia recíproca, por conveniência ou utilidade; não um amor primariamente por reconhecimento, mas «como» Jesus nos amou: com um amor total, gratuito, oblativo, sem contrapartidas, sem passar fatura.

Pertencer ao grupo dos amigos de Jesus é viver e testemunhar o amor recíproco, como Jesus recomenda: «O que vos mando é que vos ameis uns aos outros».

A contemplação do amor de Jesus revelado aos discípulos, com o convite a permanecerem nele, leva-nos à fonte e origem da vida cristã: o amor de Deus. «Deus é amor», recorda-nos o apóstolo São João, na segunda leitura.

O amor de Deus não é um amor abstracto, uma ideia, uma teoria, mas uma realidade viva e palpável.

Este amor, não é apenas um sentimento que brota do coração humano, mas é, antes de tudo, um dom divino, que permite amar de modo divino. Por isso, é uma realidade nova, um «mandamento novo».

O amor de Deus revelado por Jesus é um amor universal que deve inundar o mundo e alcançar a todos.

Através dos amigos de Jesus, dos seus discípulos, o amor de Deus continua a manifestar-se.

Somos chamados a acreditar e a acolher o amor que Deus nos oferece em Jesus, e a irradiá-lo nas nossas vidas.

«A natureza íntima da Igreja exprime-se num tríplice dever: anúncio da Palavra de Deus, celebração dos Sacramentos, serviço da caridade. São deveres que se reclamam mutuamente, não podendo um ser separado dos outros».

Não basta sermos pessoas religiosas, temos de ser pessoas crentes e crentes antes de mais na revelação que Jesus nos faz de Deus, como um Deus de amor, que nos ama antes de nós o amarmos, nos chama à comunhão com Ele e a amar o que Ele ama.

Caríssimos crismandos: o Espírito Santo que ides receber é um Espírito de amor.

A missão da Igreja e de cada um dos seus membros é a de irradiar a beleza do amor de Deus que salva o mundo.

Este é o símbolo do perfume que se encontra no óleo do santo Crisma: o cristão, ungido pelo Espírito Santo, é chamado a irradiar o bom perfume de Cristo, o seu amor, amando como ele amou.

Do Espírito Santo nos vem a capacidade de amar, de testemunhar a fé e a esperança que nos vem de Cristo Ressuscitado.

No sacramento do Crisma realiza-se a promessa de Jesus: «recebereis uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas» na comunidade cristã, na família, na escola, no trabalho, no meio dos amigos, na sociedade, no mundo.

Uma força antes de mais para amar, para ser sinais e portadores do amor de Deus para todos, à semelhança de Jesus.

Que Nossa Senhora vos acompanhe com a sua solicitude materna, como acompanhou os Apóstolos, no Cenáculo; vos ajude a acolher o Espírito como Ela O acolheu, para que, como ela, sejais capazes de dar Jesus ao mundo através do amor que está em vós, pelo Espírito Santo que foi derramado nos vossos corações.

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