Palavras de D. Jorge Ortiga na celebração de envio dos jovens das Dioceses de Braga e da Madeira

Partindo do lema da Mensagem do Santo Padre para estas Jornadas Mundiais – “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé” (Col 2, 7) –, quero desafiar-vos a encarar estas Jornadas numa verdadeira Peregrinação. Se a atitude interior for esta, as variadas iniciativas programadas produzirão frutos consistentes. Caso contrário, tudo será um acontecimento efémero que não deixará raízes firmadas na fé em Cristo. Peço-vos, por isso, que não banalizeis esta experiência, que deverá ser marcante para vós, para a Igreja e para a sociedade.

Entendidas como peregrinação, as Jornadas Mundiais são um verdadeiro e sereno trabalho do Espírito a conduzir-vos ao Templo do Senhor, “à Casa do Deus Vivo”, para aí permanecer durante a vida toda. As obras do Espírito Santo podem e devem experimentar-se como autêntica graça que seduz, fascina e interpela a fixar os horizontes da vida pessoal. Como diz Santo Agostinho: Fizeste-nos para Vós e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Vós.

A graça acolhida é exigente. Nem sempre ela entra nos parâmetros dos ideais juvenis. Tudo o que é belo é exigente. A exigência nunca é sinónimo de impossibilidade. Ela é sempre um critério para um maior empenhamento nas causas humanas e divinas. Ser igual aos outros, deixar-se comandar por referências da moda ou da fama fácil, leva à perda da liberdade pessoal e da responsabilidade colectiva de gerar uma sociedade mais fraterna e mais humana.

Não acrediteis em promessas fáceis. A peregrinação supõe coragem para ultrapassar as coisas impossíveis, as dúvidas e os medos em relação ao presente e ao futuro. É fundamental que, acreditando nos dons que Deus vos dá gratuitamente, reconheçais o quão fascinante é sentir-vos enraizados em Cristo. Certamente que vos lembrais do célebre grito de libertação de João Paulo II: “Não tenhais medo. Ele nada tira, tudo dá”. Assumi-o como convicção e não apenas com emoção!

O momento que ides viver será uma experiência de fé inédita, que conduz à disponibilidade e ao compromisso; à relação amiga e a encontros novos. O peregrino, sobretudo o antigo, acolhia o dom, descortinava caminhos novos e correspondia com alegria ao comprometer a sua vida com Cristo, com a Igreja e com a sociedade. Vinha, normalmente, de diferentes pontos, e estava aberto para encontrar novo sentido para a vida.

Revelai que ides em peregrinação, cantando e rezando, convivendo e partilhando, com alegria e entusiasmo a mesma fé em Cristo.

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